3.4.07

BRINDE




Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

(Mário Cesariny, Pena Capital, 1957)





FAVA


Recebi uma vez um mail com uma lista de nomes portugueses bem engraçados e outra lista de nomes brasileiros ainda mais engraçados (uns até mesmo completamente ridículos). É certo que me diverti, mas fiquei a pensar se existiria, de facto, gente que se chamasse assim! Hoje tenho quase a certeza de que aquele mail talvez não fosse criação de alguma cabeça fantasiosa e com um extraordinário sentido de humor. Tenho até pena de já não saber dele.

Há algum tempo, decidi investigar no terreno. Fui folheando a Lista Telefónica Margem Sul 2003/04 e, na verdade, passei ali uma boa hora de gargalhadas. Eu tinha de tirar isto a limpo! Não é por desrespeito de modo nenhum por estas pessoas, mas não vou mais conseguir manter esta lista apenas para mim (já a guardo há alguns anos, como podem ver).

Abaixo segue o rol das graças (em duplo sentido) destes senhores, acompanhado pelos números de páginas onde cada nome figura (que é para dar maior credibilidade):


António José Cagaita (69)

Celeste Céu (477)

Gertrudes Domingas Conhita (318)

Jean Alexandre Testagrossa (220)

Joana Broa Calhota (469)

João Batista Papafina (544)

Jorge Pila Zé-Zé (630)

José Frasco Queimado (555)

José Simões Cagica (69)

Jovita Quitéria Azevedo (460)

Ludovina Maria Penso (547)

Manuel Campaniço Isqueiro (128)

Manuel Vicente Borda d’Água (311)

Maria Alzira Penica (547)

Maria Benvinda Pendrelica (281)

Maria Silva Cagarelho (69)

Miguel Zonga Zonga (363)

Norberto Carneiro Cabrito (468)

Samuel Fontes Palhaço (280)

6 comentários:

Ricardo disse...

Esse brinde tem características de fava...

Anónimo disse...

Jovita Quitéria é sempre um nome bonito...

Anónimo disse...

Não acho nada bonito gozarem com o meu nome. Já a minha avó se chamava Jovita Quitéria... Ao menos ninguém me confunde! Não sou como aquelas Anas, que têm de ser chamadas pelo segundo nome para serem gente! Jovita Quitéria é incofundível!

Manuel disse...

Muito bem! Fechas em alta!

O melhor brinde de todos e a fava mais "gargalhenta" de todas.

Cuidado quando se casarem e tiverem filhos, a família Cabrito não fica muito bem com a família Carneiro. E já agora cuidado pessoal da família Leitão, não se juntem à família Borrego.

Beijinho.

Anónimo disse...

Alguns dos nomes aí são estrangeiros.

Anónimo disse...

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