3.1.07



BRINDE

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes,
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

(Ricardo Reis, Odes e outros poemas, 136, 14.2.1933)





FAVA

água do luso

em criança eu bebia água do luso,
quando não, “- só se bebe água fervida”,
recomendavam os meus pais. escuso
de misturar groselha hoje à bebida.

a garrafa de quarto era vendida
sem ter forma de rosca ou parafuso,
sem ser de frouxo plástico, polida,
de vidro grosso já com marcas de uso.

vejo um nítido foco no seu halo
Intenso e luminoso e o copo de água
sobre o tampo da mesa, concentrando

algum raio de sol a atravessá-lo
como lente de aumento, há muito. trago-a
a queimar o papel, de vez em quando.

(Vasco Graça Moura, Poesia 1997 - 2000)

2 comentários:

Ricardo disse...

Até me vieram as lágrimas aos olhos... esse VGM edita poesia a rodos - vai-se a ver e é só "favas"...

sea disse...

Bem... não há palavras para este blog. Já aguardado à muito, tornou-se agora uma realidade.
É o brinde de que todos estavam à espera. Mas, este Brinde não veio sozinho e trouxe, para espanto de muitos, a Fava.
Uma verdadeira inspiração aqui ou na lua. Beijos