23.2.07






















(The Fall of the Giants, Giulio Romano, 1526-34, Fresco, Palazzo del Tè, Mântua)



BRINDE


Primeiro
Ulisses

O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo –
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.

Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.

Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.

(Fernando Pessoa, Mensagem, Os Castelos)





FAVA


Na Praia

Raça de marinheiros que outra coisa vos chamar
senhoras que com tanta dignidade
à hora que o calor mais apertar
coroadas de graça e majestade
entrais pela água dentro e fazeis chichi no mar?

(Ruy Belo, Todos os Poemas)

2 comentários:

Anónimo disse...

Nobre herói que por aqui aportaste e deixaste a tua memória, saberão todos que a cidade de Lisboa recebeu o seu nome em tua honra?

Acho este poema simplesmente extraordinário!

Quanto à fava... faz-me lembrar o Algarve durante os concorridos meses de Verão. Quantos banhos não são regados desta forma?

***

Anónimo disse...

e os ofnis?! quantos é que nos passam ao lado? para quem não sabe, ofni significa objectos flutuantes não identificados.